Sejamos sinceros: se você coloca Pisa no seu roteiro em alguma viagem pela Europa, na maioria das vezes, será para aquela manhã ou tarde ociosa em uma visita à Florença ou outra cidade mais conhecida da região.
É uma reação natural, já que a cidade é mundialmente conhecida pela Torre de Pisa e as demais atrações da praça onde ela se localiza, mas poucos desbravam a cidade além desta parte.
No texto de hoje, gostaria de te apresentar um roteiro um pouco mais completo da cidade, com atrações que fogem do óbvio.
Como cheguei à Pisa pelo aeroporto, fui a pé até o hotel (um bem baratinho e próximo da estação de trem, o que não foi a melhor ideia). 😃
Aliás, aqui vai a primeira dica: se você estiver chegando pelo aeroporto, o melhor é checar o percurso até seu hotel antes de pegar o trem. Em muitos casos, é melhor ir a pé até o hotel ou caminhar até o primeiro ponto de ônibus, pois o percurso por trilhos é muito curto.
Eu fiquei na cidade três dias, já que o motivo principal foi visitar alguns conhecidos. Por conta disso, filtrarei os locais visitados e agruparei em uma lista que você poderá completar em um dia completo:
Piazza Vittorio Emanuele II: primeira visão para quem visita a cidade a partir da estação Pisa Centrale de trem, possui uma grande estátua de Vittorio Emanuele II, primeiro rei da Itália, além de alguns cafés. É conectada com o Corso Italia, a principal via da cidade.
Tuttomondo, de Keith Haring: Tuttomondo é uma obra mundialmente conhecida de Keith Haring, artista estadunidense. Foi feita em 1989, tendo se tornado possível por uma obra do acaso: um estudante de Pisa se encontrou com o artista nas ruas de Nova York e lhe apresentou a ideia de visitar a cidade e pintar algo. Feito!

Domus Mazziniana: local onde Giuseppe Mazzini, político e um dos principais membros na movimentação para a unificação italiana, viveu antes de sua morte, em 1872. Hoje é um espaço que abriga rico acervo sobre este período da história italiana.
Chiesa di Santa Maria del Carmine: igreja cujas obras iniciaram em 1328. É de fachada simples, mas seu interior é interessante.

Logge di Banchi: foi erguido no século XVII sob ordem de um dos Grandes Duques de Pisa. Funcionou como espaço para feiras, mercado de grãos e câmbio. No subsolo, possui banheiros públicos.
Ponte di Mezzo: junto com Corso Italia, Borgo Stretto e Borgo Largo, formam uma das duas linhas em cruz que dividem a cidade em quatro zonas principais, palco de disputas no período em que a cidade se restringia ao interior de suas muralhas. É aqui que ocorre o Gioco del Ponte, competição entre os lados Sul e Norte da cidade que ocorre anualmente em junho.

Piazza della Berlina: praça pequena com alguns comércios em seus arredores e uma estátua central. Uma vez ao mês, abriga feira de produtos orgânicos e outros itens locais.
Giardino Scotto: originalmente um palácio e fortaleza, é hoje um parque aberto ao público.
Chiesa di San Michele in Borgo: localizada no Borgo Stretto, uma das principais vias da cidade, é um belo exemplar de igreja com estilo românico pisano e influências góticas.
Palazzo della Sapienza: sede dos estudos de Direito da Universidade de Pisa, o prédio foi construído onde já se teve inclusive construções medievais. Recentes estudos revelaram uma parte desta história, que você pode conferir em um vídeo reproduzido na entrada do prédio.
Piazza dei Cavalieri: esta praça abrigava quase toda a rotina dos membros da Ordem dos Cavaleiros de Santo Estefano, um grupo seleto de “soldados” que tinha como suas funções principais combater o Império Otomano e piratas que atuavam no Mediterrâneo, muitas vezes tentando avançar pelo rio Arno.
Chiesa di Santo Stefano dei Cavalieri: igreja da ordem citada anteriormente, é toda ornada com pedaços de navios derrotados e bandeiras capturadas das mesmas embarcações. Seu teto possui pinturas lindíssimas.

Scuola Normale Superiore: o interior do prédio não é acessível, mas sua fachada tem trabalhos muito interessantes em afresco. Entre as três universidades públicas da cidade, é a mais exclusiva e elitista, com poucos tendo a chance de estudar por lá.

Palazzo dell’ Orologio: além do relógio que lhe empresta o nome, há neste palácio uma torre muito famosa, a Torre della Fame (Torre da Fome). Esta torre é famosa por ter sido onde Ugolino della Gherardesca teria sido aprisionado até a morte. Este episódio é citado em Inferno, uma das três partes da Divina Comédia, obra mundialmente conhecida de Dante Alighieri.
Chiesa di Santa Maria della Spina: igreja pequenina, mas rica em detalhes de estilo românico pisano e gótico. Seu horário de funcionamento é bem restrito, mas a visualização da fachada é a principal parte da visita.

Chiesa di Santa Caterina d’Alessandria: com um exterior lindíssimo, esta igreja abriga poucos elementos em seu interior, pois foi quase inteiramente destruída em um incêndio de alguns séculos atrás.
Bagni di Nerone: apesar de pouco conservado, vale a visita pela importância do lugar. É o único exemplar na cidade de construção do período do Império Romano, constituindo-se de um antigo local de banho (uma espécie de sauna) e palestra (espaço para socialização e exercícios).
Piazza dei Miracoli: principal praça da cidade, abriga os monumentos mais conhecidos pelos turistas que visitam Pisa.

Batistério de Pisa: com construção iniciada em 1152, seus maiores destaques, além de diversas influências arquitetônicas, fica por conta do formato circular (raro para a época) e o rosto de diferentes pessoas ao redor de sua fachada, todos de pessoas que contribuíram para a construção do monumento.
Catedral de Pisa: a catedral da cidade foi construída a partir de 1063. É o maior exemplo da arquitetura românica pisana na cidade.
Torre de Pisa: a queridinha da cidade e um dos monumentos mais famosos da Itália, a torre é uma torre de sino (campanário), que ficou famoso por um erro de arquitetura/engenharia. O terreno, que antes possuía um rio subterrâneo, nunca ofereceu a estabilidade necessária para construções deste peso. Muitos não sabem, entretanto, que ela não está sozinha. Embora em menor grau, a catedral e o batistério também estão inclinados.

Gipsoteca di Arte Antica: museu pertencente à Universidade de Pisa que possui um bom acervo de modelos em gesso extraídos de algumas esculturas muito conhecidas mundialmente. O acesso é gratuito.
Lungarni di Pisa: em visita à cidade, não deixe de conferir os quatro lungarni, ruas às margens do rio Arno. Eles ficam nas duas margens do rio, sempre entre a Ponte di Mezzo e uma das pontes vizinhas. A cidade possui uma forte história com o rio, tendo controlado no passado o acesso via rio Arno de qualquer viajante que por ali passasse.
Extras
Camposanto Monumentale: este cemitério foi fundado em 1277 para abrigar as tumbas que rodeavam a catedral. Era repleto de afrescos no passado, mas hoje somente uma de suas paredes ainda mantém o esplendor de outrora.
Museo delle Sinopie: muitos dos afrescos de Camposanto Monumentale foram prejudicados pelos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial. À época uma decisão arriscada foi tomada: retirar os afrescos e abrigá-los em painéis para protegê-los. Com a remoção, muitos dos desenhos preparatórios foram resgatados, permitindo um rico estudo e levantamento sobre os artistas que trabalharam no cemitério.
Onde comer
Vecchio Pasticceria Siciliana: típica pasticceria (produção e venda de sobremesas) italiana, a Vecchio é conduzida por cidadãos da Sicília, ilha italiana conhecida por sua tradição na confecção de sobremesas. Recomendadíssima! Se for em período mais quente, poderá provar da granita com brioche, combinação típica e muito conhecida.

Viavai cafè: localizado na Piazza della Berlina, é uma boa opção para provar dos aperitivi, típico esquema italiano em que se paga por um drink e pode-se comer à vontade.
Cafè Albatross: bem mais underground do que o anterior, é um bar que toca rock e oferece pinball e outros jogos (pagos), além de jogos de tabuleiro.
La Bottega del Gelato: parada obrigatória para quem quer experimentar um bom gelato italiano. Há também opções sem lactose.
Il Baronetto: para um bom panino, este é um lugar barato e com qualidade. Difícil será escolher entre as inúmeras variações de recheio.
Pizzeria Chimenti Special: essa é para quem não vai à cidade procurando a versão mais conhecida da pizza italiana. Por aqui, eles servem a pizza pisana, uma versão mais pesada e cheia de ingredientes na cobertura. O estabelecimento está nos arredores da cidade e atende majoritariamente residentes de Pisa.
Salza: outra pasticceria típica italiana, mas com um toque (e preço) bem mais salgados. Vale a visita, mas chegue com bolsos menos restritos.
Mapa do tesouro
E é isso! Espero que tenham gostado do roteiro pela cidade.
Como podem ver, Pisa pode oferecer muito mais do que se imagina.
Arrivederci! 🙂
Imagem de destaque: